Entre Passos e Reflexos: A Poesia de Concreto em Campina Grande

Experiências

“Para capturar uma imagem, muitas vezes não basta apenas olhar; é preciso caminhar até que o cenário se revele.”

A fotografia é, antes de tudo, um exercício de presença. Em minha passagem por Campina Grande, na Paraíba, decidi que o fim de tarde não poderia passar em branco. A câmera na mão foi o pretexto, mas a caminhada ao redor do Açude Velho foi a verdadeira experiência.

Enquanto o sol começava a baixar, tingindo a cidade com aquela luz dourada característica do nordeste, percebi como a vida urbana e a arquitetura moderna podem dançar em harmonia.

O Olhar de Niemeyer sobre as Águas

Ao percorrer a curva do calçadão, deparei-me com a silhueta inconfundível do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP). Projetado por Oscar Niemeyer, a estrutura parece desafiar a gravidade, lançando suas formas circulares — que lembram os pandeiros da nossa música regional — sobre as águas calmas do açude.

Na imagem que capturei, o que me fascina é o contraste. O vidro escuro e o concreto branco da arquitetura moderna se impõem, mas não agridem. Eles servem de pano de fundo para a vida que acontece ao redor:

  • Os corredores que aproveitam o fim do dia para exercitar o corpo;

  • O bando de garças que repousa tranquilamente à beira da água, indiferente à grandiosidade do prédio da FIEP ao fundo.

A Narrativa do Movimento

Esta foto exigiu movimento. Eu precisei andar, sentir a brisa e esperar o momento em que as sombras se alongassem o suficiente para criar textura no chão de tijolinhos.

O Açude Velho é mais do que um reservatório; é o coração pulsante de Campina. Ali, o concreto da cidade grande encontra a tranquilidade da natureza, e o passado histórico observa o futuro através das janelas espelhadas do museu.

Para quem vê o mundo através de uma lente, Campina Grande entrega texturas, luz e, acima de tudo, histórias visuais esperando para serem contadas.